Tratamento Nutricional da FPIES
- Renato T. Ashcar
- 1 de dez. de 2014
- 3 min de leitura
Alguns meses atrás a FPIES Brasil traduziu o Primeiro Guia Nutricional para FPIES (2012) elaborado pelas nutricionistas americanas: Marion Groetch e Carina Ventere.
O Guia traz informações acerca do Aleitamento Materno; Suplementação; Introdução Alimentar; Desenvolvimento Cognitivo do Bebê associado a Alimentação e Variações de cardápios e texturas.
Você acessa o Guia clicando em: Primeiro Guia Nutricional para FPIES
Recentemente foi publicado pelas mesmas autoras o: Nutritional Management of Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome (Tratamento nutricional da síndrome de enterocolite induzida por proteína alimentar), Venter C, Groetch M. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2014 Jun;14(3):255-62. doi: 10.1097/ACI.0000000000000054.
O Artigo Científico tem a pretensão de mapear a melhor conduta nutricional para a FPIES. Você poderá acessá-lo na íntegra clicando em:
Para facilitar o trabalho a Nutricionista Brasileira Glauce Yonamine, levantou os principais tópicos do Artigo, confira:
1 - O objetivo do Artigo é resumir as últimas informações sobre a conduta nutricional da Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar (FPIES), com foco nos alimentos relacionados e como evitá-los, mantendo uma dieta nutricionalmente adequada;
2 - A FPIES é uma apresentação complexa de alergia alimentar não IgE Mediada. Alguns alimentos estão comumente relacionados com a FPIES como leite, soja, ovo, peixes e frutos do mar, cereais (trigo, aveia, cevada e particularmente arroz), carnes (frango, peru, cordeiro), batata doce e ervilhas.
3- O número de alimentos relacionados com FPIES por paciente é diferente, mas a maioria dos casos relatados apresentam 2 ou menos alimentos envolvidos.
4 - Em relação ao aleitamento materno, a maioria das crianças com FPIES parece tolerar o leite materno sem que a mãe tenha que seguir dieta de exclusão. Portanto, de maneira geral, não é recomendável que a mãe realize dieta de exclusão do alérgeno envolvido. Se for necessário realizar dieta de exclusão, é necessário o aconselhamento de nutricionista.
5 - Quando a criança apresenta Alergia à Proteína do Leite de Vaca e é necessário utilizar fórmulas especiais, a maioria das diretrizes recomenda o uso de fórmulas extensamente hidrolisadas. Entretanto, nem todas as crianças toleram esta fórmula e pode ser necessário utilizar fórmulas de aminoácidos livres, especialmente quando há necessidade de recuperação de crescimento.
6 - Lactentes podem recusar a fórmula hipoalergênica (especialmente se amamentados), em função do sabor. Algumas sugestões para melhorar a aceitação incluem: misturar leite materno à fórmula, gradualmente aumentando a quantidade de fórmula e diminuindo a quantidade de leite materno, adicionar flavorizante à fórmula (por exemplo: essência de baunilha), ou utilizar copo de transição ou copo com canudo para crianças maiores. Outra opção é utilizar a fórmula em preparações caseiras.
7 - Existem poucas evidências quanto à tolerância às formas de alimento submetido a altas temperaturas (“baked”) ou pequenas quantidades/traços dos alérgenos.
8 - Não existe recomendação quanto ao consumo de alimentos cozidos/assados/em pequenas quantidades. Em alguns casos, se o alérgeno está presente na dieta, pode levar a sintomas crônicos e menos graves, mas eventualmente desencadear sintomas graves.
9 - De forma empírica, se a criança está tolerando estes alimentos, sem sintomas aparentes e com bom crescimento, estes alimentos podem ser mantidos na dieta. Entretanto, em crianças com história de reações graves a pequenas quantidades de alimentos, testes de provocação supervisionados são recomendados antes de introduzir alimentos na forma “baked” (assados).
10 - A introdução de alimentos complementares pode ser complicada para estas crianças, pois geralmente a FPIES se inicia na Introdução Alimentar, com a oferta dos primeiros alimentos à criança.
11- É um desafio garantir a dieta de exclusão e fornecer uma dieta variada para prevenir recusa alimentar em longo prazo, restrições das escolhas alimentares e deficiências nutricionais. Os autores propõem um guia de introdução de alimentos, mas ressaltam que deve ser individualizado.
12 - É importante o acompanhamento do crescimento e da ingestão de nutrientes para detectar possíveis riscos nutricionais e a necessidade de intervenção.
13 – A avaliação contínua para o desenvolvimento de tolerância (TPO) é necessária para evitar restrições desnecessárias, o que deve ser individualizada quanto ao alimento a ser introduzido e ao período de introdução.
14 - Existem evidências de que a FPIES pode se transformar em formas IgE mediadas de alergia alimentar.
Portanto, o tratamento dietético é complicado, já que tanto alérgenos alimentares comuns como alérgenos alimentares atípicos podem desencadear a FPIES. O aconselhamento nutricional adequado é necessário para garantir dieta de exclusão apropriada, consumo adequado de outros alimentos e ingestão de nutrientes suficiente para manter e garantir o crescimento e desenvolvimento.
Você poderá ler a publicação também no Site do Instituto Girassol.

Comments